A Marcha das Vadias e o Dois de Julho

A tão invejada calmaria baiana se revela todos os anos durante o cortejo que reproduz o mesmo trajeto que a tropa libertadora brasileira fez ao entrar na Cidade do Salvador, em 1823, conquistando-a da tropa portuguesa com os símbolos das lutas o Caboclo e a Cabocla, que representam o povo brasileiro. O cortejo se tornou uma manifestação popular ao longo dos anos e, finalmente, em 2006, foi oficialmente reconhecido pelo Estado, através do IPAC, como um Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.



Obviamente não falta criatividade. Um grande colorido, coberto por muita música e tudo o que as mais variadas tradições negras e indígenas deixaram para este Estado, cobre as ruas fortemente ensolaradas do que costumam chamar o inverno de Salvador. A temática se enriquece ao ser banhada de história e os gritos de protesto passam longe de assuntos como a banalizaçao do corpo feminnino e do ato sexual, como o que comumente se ve em grande parte dos blocos carnavalescos e de outros festejos locais.

Aprecia-se um desfile  à moda antiga, com bandinhas de escolas, imagens de heróis, referencias aos personagens que marcaram a historia do País, alguns até bem ignorados pelas nossas instituições de ensino, chegando às manifestações mais atuais dos diversos segmentos da sociedade, e bem, o grande inconveniente das campanhas partidárias que como praga, invadem tudo o que de mais belo que a nossa cultura tem para nos oferecer.



Entre o que há de mais atual, e diria mais divertido, está a Marcha das Vadias, que evoca ao espaço que a mulher reclama nas sociedades ainda machistas do século XXI. Mulher é o tema, mas ele se amplia, se expande, assim como o nosso século. Mulher, homossexualidade, direito a exibir o corpo e a expor suas vontades sem preconceito e sem ter que suportar a banalização (vide bundalização) das vulgaridades sexuais tão difundidas na mídia atual.

Aos gritos de 'se cuida seu machista, a América latina vai ser toda feminista', os manifestantes (inclusive homens), expressaram sua indignação perante a latente ignorancia da média da população, que vulgariza e aplaude o tratamento pejorativo a que as mulheres ainda estão sujeitas.


A sensação de que ainda somos parte integrante e ativa de nossa história me fez sentir muito melhor, sim, estou viva e estou no Século XXI!!!!

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